Categorização.
A diferença, a tipicidade, a semelhança, constituem exemplos de critérios de definição da realidade, de posicionamento face à realidade, de normalização, de categorização social.
Categorizar serve um propósito de descrição e de classificação - de preferências, de interesses, de lugares de classe (Pinto & Queiroz*, 2010). Porquanto assegura a continuidade da acção, o efeito de conformidade que a categorização suscita, apresenta as categorias em uso como explicações necessárias, referentes informativos de facto.
Uma categoria social refere um objecto (social, natural, digital), simplificando-o. Disponibiliza um guião para a acção, para a preservação da ordem institucional.
Categorizar visa a utilidade, não a exactidão. Uma categoria social não representa uma essência, uma natureza. Comporta um efeito de estilização. É fundamentalmente arbitrária (Leyens & Yzerbyt*, 2004 [1997], p. 277).
Oferece uma sensação (ilusória) de escolha, de controlo (Leyens & Yzerbyt*, 2004 [1997], p. 84). Define uma possibilidade de abreviar o raciocínio.
À irrupção (fulgorante) de novas categorias, de novos grupos, de novos comportamentos, associa-se a necessidade de as poder dizer, de as poder afirmar, colocando-as de imediato em trânsito.
Um dizer imediato, mais alegórico do que denotativo, define uma prática (social e cognitiva) que se inscreve numa lógica deceptiva, uma lógica "pós-enfim-qualquer coisa" onde as palavras-ídolo, as figuras-signo salientes, poderão ser, a cada momento, já outras, uma prática cujos referentes importa interrogar, neste sentido, ao altifalante.
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Leyens, J.-P., & Yzerbyt, V. (2004 [1997]). Psicologia social. Lisboa: Edições 70.
Pinto, J. M., & Queiroz, C. (1990). Lugares de classe e contextos de aprendizagem social, Cadernos de Ciências Sociais, 31-143.
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