(nomear as coisas, ouvir nomear as coisas, confere-lhes um efeito de saliência, de realidade - um efeito, por vezes, inaudito, imprevisto. como sugeriu Wittgenstein, as (minhas) palavras contribuem para delimitar a (minha) realidade. as coisas tornam-se salientes quando são ditas. existem.
há dias, enquanto viamos um grupo de jovens a praticar a hierarquização anacrónica (estavam envolvidos, assim se ouvia, "na praxe, na praxe, na praxe"), tentei uma vez mais que dissesses o teu nome.
a rotina não varia muito:
qual o nome da mana? "é-a-tóia".
e o nome da mãe? "liliana".
e o teu nome? "tu". insucesso, de novo.
retomei a rotina:
quem sou eu? "o-pai".
qual é o meu nome? "pai-joão".
nomear é um modo de fazer existir - Wittgenstein, de novo.
eu existo. eu sou o "pai-joão".)
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