Thursday, May 10, 2018

It`s an outlier!

Um país adiado.




Sobra pouco hoje em Portugal, removida a celebração de circunstância, a lauda de auto-promoção, o panfleto estendido nas tábuas.

A glorificação do epifenómeno como razão de fidelidade indiscutida traduz um país sentado à beira do caminho, um simulacro de democracia, um exercício da acção política que se esgota na discussão de superfícies, de futuros anteriores, de saberes de enxertia, do alicerce de coisas paradas.

Poderá traduzir, noutra perspectiva, a ausência de opções que se experimenta no contexto de uma modernidade importada, de uma civilização em segunda mão, curta de mangas (o eça novecentista ainda tão perto da flor dos acontecimentos), ocupada a praticar a socialização da pobreza, uma condição necessária para generalizar, em termos sociais, um sentido particular, ortogonal, de dependência.

Claques, paróquias, capelinhas. O meu, o teu, o nosso, o nosso, o nosso. A actuação dos marta-soares relembra o pernicioso efeito de despossessão apenso aos sistemas de representação política: a falta de controlo dos representados sobre a actividade de quem, em teoria e na prática, os representa.

Sobra pouco, de facto, quando os cuidados (os recursos) se reúnem em torno de uma mesma operação litúrgica: conter, por todos os meios possíveis, a possibilidade de discussão, de profanação da ordem existente.

Assim se abrevia o sonho, assim se abrevia a esperança, assim se adia a possibilidade de dar um estado de nação ao pensamento.

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