Thursday, May 10, 2018

Self-disclosure.

Um grande desígnio (CXXVI).



(ontem, sem aviso prévio, perdi por momentos o pé ao ouvir-te cantar para mim tudo o que querias.
querias cantar os parabéns ao elefante e à girafa. sozinha. estávamos no chão da cozinha de volta das regras de um jogo de dominó, livres dos rigores da classificação, do julgamento ortopédico.
começaste a cantar e a acompanhar com palmas. não consigo descrever o vento que então subitamente se fez sentir. foi uma daquelas horas em que as luzes como que se acendem, em que a vida que se vive parece ser a de um outro.
enquanto cantavas, olhei-te nos olhos, e vi uma fragilidade que me surpreendeu. cantavas, cantaste os parabéns para mim até ao fim, sozinha.
a fragilidade que pensei tua era afinal  minha. era eu a pedir uma vida para os teus sonhos).

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